08/04/2009

A volta aos velhos (e bons) tempos da música



Sempre comento com meus amigos músicos sobre como a evolução tecnológica mudou totalmente os rumos da música nos dias de hoje. Até em posts neste e em outros blogs já falei do processo de democratização das informações que estamos vivendo hoje. Se antes ser informado era privilégio de alguns, hoje todos podem ter acesso a todo e qualquer tipo de informação, e para nós músicos isso significa não ter mais que aguardar meses e até um ano inteiro pra poder ouvir aquele tributo ao Led Zeppelin que foi lançado no Japão (por falar nisso, me lembro que o referido CD custava 90 dólares sem incluir as taxas dos correios...).

Recentemente estive lendo uma entrevista que o saudoso Baden Powell concedeu para a revista Cover Guitarra, onde ele dizia como era diferente ser músico a algumas décadas atrás. Se por um lado não havia ainda acesso a boas escolas e boas metodologias de estudo para todos os músicos, existiam também aspectos que tornavam a vida de músico mais legal.

Uma das coisas que me chamou a atenção é que ele falava de uma época em que a música ainda não era dominada pelo império selvagem das grandes gravadoras. Powell contava nessa entrevista que quando ele, Vinícius de Moraes, Tom Jobim e tantos outros músicos compunham uma nova música, era só ir na TV e já apresentar ao público antes de gravar. Usando os termos do mundo corporativo de hoje, era uma forma de ter um feedback do público antes de lançar um material novo no mercado. Ler aquilo me trouxe um saudosismo de uma época que não vivi.

Mas infelizmente aquele tempo passou , e eu como muitos outros músicos, nasci em uma época onde se você fosse músico e não conseguisse um contrato com uma grande gravadora, estaria fadado ao ostracismo. Ostracismo esse que atingiu a mim e a milhares de músicos talentosos que conheci ao longo de meus 30 anos de vida. A TV e as rádios, antes grandes propagadoras da boa música, se venderam ao capitalismo cobrando das gravadoras o famoso “jabá” para veicular as músicas de determinado “artista”. As gravadoras, por sua vez, vendendo discos de vinil, fitas K-7 e posteriormente CD’s a preços absurdos e pagando uma quantidade ínfima aos músicos (isso além de terem sido responsáveis por lançar no mercado muitos artistas de qualidade duvidosa).

Foi uma época em que quem era músico não agüentava mais ouvir falar em “brodagem” (para os músicos mais novinhos, era uma expressão aportuguesada da palavra “brother” que significava virar puxa-saco de quem tinha contatos nessa lama social toda). A mesma coisa que os executivos de hoje chamam de “networking”. Lembro até de uma entrevista do já falecido Tim Maia onde o jornalista perguntou que conselho ele daria para quem quisesse gravar um disco; ao que de uma forma sarcástica ele respondeu: “pega um 38 e aponta na cabeça de um dono de gravadora”. Ou seja, depender da sorte.

Depois de ler aquela entrevista, cheguei à conclusão de que toda essa evolução tecnológica de hoje poderá nos levar de volta àqueles bons tempos. É só ver a quantidade de rádios de TV’s online existentes hoje, veiculando informações sem cobrar nada por isso. Basta lembrar também que hoje com um computador decente e bons softwares qualquer músico pode gravar o seu trabalho sem precisar arcar com o custo alto de grandes estúdios (e ainda fazer um trabalho com qualidade à altura desses mesmos estúdios).

É só ver também que (graças a Deus) estamos eliminando de vez uma época em que se fez muita música ruim pra encher um CD para pôr no mercado. Tal como na época em que se lançava um single, hoje você grava uma música e já pôe pra tocar nos “Youtubes” e “MySpaces” da vida, pra quem quiser ouvir aqui ou no Japão.

Fiquei muito feliz em saber que toda oportunidade que esse mercado diabólico, hostil e selvagem me tirou está em minhas mãos e que posso pegar novamente minha já empoeirada guitarra e divulgar meu trabalho pra quem quiser me ouvir.

Enfim, depois de ler aquela entrevista, fui dormir mais feliz.

2 comentários:

Anônimo disse...

oi amigo
desculpa mas estive fora algum tempo
olha não é só na musica,eu quando trabalhei como pescador era assim mesmo
nós estavamos 15 dias no mar sem condições e quando chegavamos a terra e vendiamos o peixe que tanto trabalho nos dava a apanhar ne lota eles davam-nos 2£ por quilo e na praça para o povo comprar estava o mesmo peixe aquele que eu tanto trabalho tive pra o apanhar a 15£ o quilo quem ganhava com o peixe que eu apanhava?
o mundo é dos intermediarios meu amigo e vai ser sempre!

um abraço

Pod papo - Pod música disse...

Oi Oscar.
Fazer música, isso para mim é um dos maiores talentos que existem porque música é uma coisa que todo mundo gostata e os talentos devem ser livres, não precisam de gravadoras, contratos, ainda bem que a tecnologia hoje pode beneficiar o músico, pode fazer com que ele divulgue sua arte para qualquer lugar do mundo sem ser explorado pelos empresários e gravadoras.
O povo quer música de qualidade e os músicos são responsáveis por nos trazer essa música, portanto eu acho mais do que certo essa facilidade de hoje de divulgar a música.

Beijão!