28/06/2009

Boas iniciativas no mercado musical


Tenho dedicado alguns posts por aqui para criticar negativamente a indústria musical. Por hoje, quero falar de algumas boas iniciativas que estão surgindo e poderão um dia mudar o cenário atual daquilo que tanto tenho criticado. Muitos amigos, ex-alunos e outros músicos me perguntam qual a solução para se fazer da música algo rentável e que ao mesmo tempo não seja caro para o consumidor. Confesso que até hoje ainda não achei a resposta definitiva. Mas tenho visto algumas atitudes que se ainda não mostraram o resultado desejado, pelo menos já nos tem mostrado o caminho para que cheguemos a ele.

O que mais me chamou a atenção foi o caso da Trama Virtual. Um dos sócios da empresa é o músico João Marcelo Bôscoli, filho da Elis Regina e do Ronaldo Bôscoli. A solução encontrada aqui foi o Download Remunerado. O artista disponibiliza suas músicas no site para download e a cada música baixada é paga uma quantia ao artista por um patrocinador que lança sua propaganda no momento do download. Como sou estudante de administração, fui fazer uns breves cálculos e constatei que é um tipo de propaganda mais barata que anúncio em TV, rádio ou internet. Os valores disponibilizados aos artistas ainda estão longe de encher os olhos, mas essa é uma iniciativa pioneira no mundo inteiro e poderá ser no futuro uma das formas de se trabalhar comercialmente com música. A grande sacada do Bôscoli aqui foi comparar isso aos comerciais de TV aberta: o telespectador não paga pra assistir a programação, mas quem paga por eles são os anunciantes. Resolveu a partir daí levar a mesma ideia para a música.

Outra iniciativa bacana foi a do site Reverb Nation, uma espécie de gravadora/rádio online. Eles fizeram um concurso e escolheram uma banda que durante 3 meses terá uma música pra ser baixada na página. Pra constar: a banda vencedora chama-se Midnight Purple e é do Mato Grosso do Sul. Cada download dessa música será remunerado para a banda durante esse período no valor de U$0,50. É um valor relativamente baixo, mas como o concurso envolveu bandas do mundo inteiro, vai fazer com que os músicos ganhem muito em popularidade e tenham condições de mostrar seu trabalho para um público maior.


Para quem já não liga para dinheiro mas quer divulgação uma boa opção é o site Jamendo (que já tem versão em português). No site, o artista se cadastra e coloca seu material à disposição para ser baixado gratuitamente e de forma legal. Aqui funciona mais o intercâmbio, mas acabei constatando que pode se tornar a porta de entrada para divulgar e comercializar suas músicas. Conheci nesse site uma banda que amei e de cara já fui direto para o site deles conhecer mais. Resultado? Quero comprar todo material da banda diretamente com eles. Já fiz contato e vou receber pelos correios. Bom resultado pra banda.


Outro dia, estive lendo a coluna do Régis Tadeu na revista Cover Guitarra, onde ele falava sobre o mercado de games. Com a grande venda de jogos como o Guitar Heroe, muita banda lucrou vendendo suas músicas para o game e disponibilizando os downloads no site do fabricante. A grande sacada aí é que o cara que joga video-game não dá R$20,00 em um CD, mas é capaz de gastar R$3.000,00 pra comprar um Playstation 3. Mas tem um detalhe aí: é um mercado muito grande para os pequenos artistas. É onde tenho outra boa notícia. A duas semanas atrás, entrou uma empresa nova no mercado: a "Ponte D". O objetivo dos criadores dessa empresa é intermediar as relações entre as bandas e as empresas que trabalham com música como telefonia móvel e magazines virtuais. Além disso, a Ponte D garante que no mercado internacional seus produtos serão distribuídos para 144 lojas já cadastradas.

Tenho a cada dia me dedicado na busca de novas alternativas e conheço muitas outras que não vou comentar por agora para não ocupar muito espaço. Espero que com o tempo todas essas iniciativas tomem força e que possamos ver um mundo mais justo para os músicos e para o público também.

Um abraço.



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