30/08/2011

São Paulo: um caso de amor e ódio.



Hail, Friends. Estou aqui, curtindo minha insônia e ouvindo uma das minhas bandas favoritas dos anos 80's: 365. A música: São Paulo. Qual roqueiro paulista das antigas nunca cantou com empolgação "sem São Paulo, o meu dono é a solidão"?

Difícil pra mim falar da cidade em que nasci. Recém chegado das férias em Minas Gerais, acabo vendo a todo o momento os defeitos da cidade e sentindo falta da "terrinha". O trânsito por aqui é algo inexplicável, só consegue saber como é quem realmente mora por aqui; a poluição que me deixou com uma bronquite desde que cheguei de Minas e insiste em não passar; o barulho intenso que tanto me perturba e incomoda até nos finais de semana; a estafa do dia-a-dia (essa cidade respira stress); o medo que toma conta de mim todo dia quando chego tarde do trabalho... ah, o trabalho, que me faz todos os dias andar nos ônibus lotados de nossa Grande São Paulo...

Mas depois de pensar nisso tudo, fico dividido. Começo a pensar como é gostoso andar à noite na Av. Paulista, simplesmente por andar e curtir a avenida à noite. Ou nas salas de cinema daqui, que modéstia à parte, são as melhores do país. Ou nas pizzarias daqui, que são as melhores (aliás, sou viciado em cinema e pizza...). Para mim, viciado em livros, tem bibliotecas e livrarias aos montes (as bibliotecas da USP são as melhores). Sem falar no cenário cultural. Tem de tudo pra todos os gostos: música, dança, teatro, cinema, exposições e por aí vai. Quase todo show internacional tem passagem obrigatória por aqui. O berço do rock e túmulo do samba, como dito por Rita Lee em uma frase infeliz, abriga o rock e o samba - tanto o bom quanto o lixo dos dois gêneros.

Mudo a trilha sonora e começo a ouvir "Sampa" de João Gilberto, onde ele cita o cruzamento das avenidas Ipiranga e São João. Me lembro com uma paixão nostálgica dos meus primeiros anos de músico, quando eu passeava próximo às citadas avenidas, no bairro Santa Ifigênia, a olhar as vitrines das lojas de instrumentos que na época infestavam na região (anos depois a maioria se mudou para a rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, onde se mantém até hoje). Para um aspirante a músico era o local ideal para ir aos sábados e atualizar-me das novidades da música - além de conhecer outros músicos.

Troco de música e lembro-me novamente do lado triste da cidade. O grande guitarrista Faiska Borges tocando "Tietê River Blues" me mostra que poderíamos ter um dos cenários mais belos da cidade: o rio que corta toda a grande São Paulo. Me lembro também de como seria bela a paisagem com o Rio Pinheiros margeando a linha do trem que corta a zona sul, mas infelizmente o que se vê é um esgoto gigantesco a céu aberto, fruto da ganância das indústrias que por ali se instalaram e lançaram seus dejetos.

Paixão e rancor se misturam dentro de mim quando falo de São Paulo, onde nasci, cresci, trabalhei e de onde pretendo correr pra bem longe um dia (Montes Claros... quem sabe).

Mas chega de divagação. Por enquanto, fico por aqui.
Grande abraço.

Um comentário:

Lilica a Gata!!!!! disse...

cara te admiro como pessoa. Te acho inteligente pacas, coisa que realmente deve-se valorizar hoje em dia num mundo tão emburrizado...
Parabéns Oscar, conheço um pouco da tua história e sei o qto vc lutou e venceu!